sábado, 5 de fevereiro de 2011

Estréia: primeiro conto.

Ficou sem nexo, é assim que minha cabeça funciona.
Não tem classificação, todo mundo pode ler e é um drama bem dramático daqueles que você pega nojo de tão chato. ;P

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My Sacred Place

Estava longe da costa. Cada braçada contra aquelas ondas parecia não fazer efeito, parecia não sair do lugar. Quanto mais fundo, mais agitado, maior o risco, mas isso não importava. Ele não podia parar, não agora. Nadava com determinação, fúria, socava a água a cada movimento, descontava nela sua frustração e dor, aquela maldita que roubara-lhe tantos entes queridos e agora levara mais um, o mais importante.

Entregou-se às lágrimas que se misturavam com a água salgada, cessando as braçadas, as maldições que lançava ao oceano e deixou-se boiar brevemente, mirando o céu escuro e tempestuoso. Vez ou outra um raio cortava por entre as nuvens iluminando por breves segundos aquela imensidão sombria que parecia reagir aos sentimentos do jovem.

Mais um clarão seguido de um estrondo e como se este tivesse finalmente aberto uma ferida nos céus, a chuva despencou com violência, gélida e dura. Sentia as gotas pesadas atingirem a pele do rosto, o corpo logo reagiria a temperatura baixa da água e começaria a tremer, mas ele continuaria ali esperando, chorando, sofrendo.

- Eu preciso de você... – Proferiu em tom baixo, quase num sussurro. E num ímpeto ele moveu os braços e pernas submergindo, mesmo com a dificuldade em enxergar as próprias mãos naquela escuridão ele pôde ver um vulto ao fundo. Não era um animal, era uma pessoa, um rapaz que esperava por ele e que sorria com uma das mãos em sua direção, o chamando.

Era ele. Seu irmão estava ali e sempre estivera como prometera naquele dia, os dois nadariam juntos e até onde pudessem ir, um ajudando o outro, protegendo um ao outro. O viu afastar-se, nadando em direção a imensidão sombria do oceano e o seguiu, usando o resto de suas forças para ir mais fundo. A água ficava cada vez mais gelada e seu corpo reagia àquilo tremendo.

Lançara as últimas bolhas de ar pelo nariz e seus pulmões suplicavam por oxigênio, mas ele continuou indo mais fundo até que não sentisse mais nada, não sentia dor, não sentia falta de ar ou frio, apenas uma sensação maravilhosa de paz. Continuou nadando envolto pela escuridão do fundo oceânico e encontrou-os, todos seus entes queridos que faziam parte do plano espiritual estavam ali junto a ele e seu irmão. Agora, ele estava completo.

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Música tema do conto: A Sacred Place - David Hirschfelder

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